quarta-feira, 8 de junho de 2011

A LIÇÃO DE AMOR DO PELICANO

Sempre atraiu minha atenção sacrários com imagem de um pássaro bicando seu próprio peito. Por fim, descobrir que se tratava de um pássaro chamado pelicano, uma ave que rasga sua própria carne para alimenta seus filhotes. Quando estes não têm o que comer, a ave adulta rasga o próprio peito para alimentar os filhotes famintos. Desta forma, a teologia cristã procura fazer com que possamos compreender o que Jesus fez na cruz, e o que se realiza diariamente em nossos altares em cada missa celebrada. Esta seria uma maneira simples de compreendermos o que Deus faz em Jesus como alimento: doa-se inteiramente, com Seu próprio Corpo e seu Sangue para alimentar seus filhos.
Diz Jesus: “Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida. Aquele que come a minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6, 54-56)
Por isso, a Eucaristia - Sacramento da Caridade por excelência - deveria provocar no coração daquele que A recebe o desejo ardente de doar-se em prol do outro. Pois é na Eucaristia que somos alimentados para sermos discípulos missionários do Amor de Deus, discípulos do próprio Cristo, neste mundo, onde muitos estão “famintos e sedentos” da Palavra de Deus. Não apenas com as pregações eloqüentes, que na maioria das vezes tem mais o interesse de promover alguns que se dizem “pregadores” do que matar a fome que mais destrói o homem: a fome de Deus. Porém, a verdadeira missão daquele que é verdadeiramente “Discípulo Eucarístico” deveria ser iniciada na base do serviço, concretizando o que o próprio nos ordenou e fez na Última Ceia: “Lavai os pés uns dos outros...” – isto deveria ser a base da nossa missão.
Certa vez um filósofo ateu afirmou: “O homem é aquilo que come”, com o intuito de dizer que no homem não existe diferença qualitativa entre matéria (carne) e espírito, onde tudo se reduz a composição da própria matéria, ou seja, que não precisaríamos nos ater a existência de Deus para a nossa própria vida.
Certa vez mediante á uma situação contraria a um planejamento ouvir de nosso bispo Dom Carlos a seguinte frase: “De todo mal Deus tira um bem!” Contudo, esta tese do filosofo acabou contribuindo para a melhor formulação aplicada a um mistério cristão. Graças à Eucaristia, o cristão é verdadeiramente aquilo que come. “A nossa participação no corpo e sangue de Cristo nada mais pretende senão tornar-nos naquilo que comemos” (São Leão Magno). Por isso, só compreenderemos o que Cristo quis nos dizer com o gesto do lava-pés à medida que nos tornamos semelhantes a Ele, através da Eucaristia.
Para tomarmos a mesma atitude do pelicano ao ver seus filhos famintos: doar a sua própria carne para que eles vivam. Isso é o ápice daquele que compreende o mistério da Eucaristia e descobre em si mesmo o próprio Cristo, por compreender este grande gesto de Amor. Por isso, somos convidados a dispor para o bem do outro o que temos naquele instante, mesmo que seja alguns segundos de atenção ou até mesmo a própria vida.
Erramos ao pensar que devemos nos doar no “meu instante”, esquecendo que talvez esse “meu instante” seja tarde para aquele que “gritava de fome”. Basta apenas olharmos ao nosso redor. Quantos olhares? Quantas mãos estendidas? Quantos rostos pedintes? Todos querendo “apenas” o mesmo alimento que estamos recebendo: O Corpo e Sangue de Cristo.
O pelicano possui em sua natureza o instinto de alimentar seus filhotes com a própria carne. Nós só seremos capazes de compreender essa atitude quando reconhecermos que em nossa carne está também a carne de Cristo, que se doou

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